Antes de começar este texto, pense nas seguintes questões: Como você planeja os seus gastos com transporte? Quais são as opções mais utilizadas na rotina da sua empresa? E, indo um pouco além, quais são as escolhas de locomoção do dia a dia dos seus funcionários?
É fato que as pessoas se deslocam mais dentro das cidades, porém, ao mesmo tempo, isso não significa um acesso igualitário à todos. Se tornou urgente pensar em ações de inovação e políticas públicas que priorizam e popularizam tudo que envolva questões de mobilidade urbana.
Seguindo nessa direção, no último dia 30, aconteceu o Summit Mobilidade Urbana 2019, um evento organizado pelo Estadão e pela 99, com o tema “A vida integrada”.
Reunindo os maiores nomes do segmento, as discussões provocaram nos participantes o interesse por uma investigação de soluções que aproximem as pessoas otimizando os espaços e tornando as cidades mais eficientes, prazerosas e democráticas.
Compilamos aqui alguns pontos dos debates que podem ser incorporados à nossa realidade e, quem sabe, trazer mais insights e oportunidades para o empreendedorismo em diversas esferas da sociedade. Veja mais!
Por elas e para elas
Há diferença de locomoção entre os gêneros? Sim. Os estudos apontados durante o painel indicam que as mulheres costumam se locomover mais do que os homens. Número que pode ser explicado pelas razões da demanda do trabalho doméstico, como levar filhos para escola, cuidar da saúde de toda a família, fazer compras, etc.
As convidadas Juliana de Faria (Diretora Executiva da ONG Think Olga), Simony César (Fundadora do Nina Mobile) e Stella Hiroki (Doutora e Palestrante sobre Cidades Inteligentes) discutiram através de cases como as premissas das cidades inteligentes podem trazer experiências seguras no deslocamento das mulheres, como, por exemplo, a difusão de aplicativos de segurança até as medidas de conscientização contra assédio dentro das empresas.
“A questão da mobilidade ajudaria a dar voz e pertencimento às mulheres e quem está no espaço da periferia para as decisões centrais da cidade.” – Stella Hiroki
Políticas públicas e integração
Cerca de 30% das pessoas que só utilizam carro particular topariam trocar de meio de transporte por conta dos gastos e do estilo de vida. Mas o desafio é: como integrar a combinação de diferentes modais para substituírem um único veículo?
O painel que discutiu este tema contou com a participação da Ana Guerrini (Líder de Políticas Públicas da 99), Claudia Viegas (Diretora de Regulação Econômica e Políticas Públicas da LCA Consultores), Elisabete França (Diretora de Planejamento e Projetos da CET), Luís V. de Oliveira (Presidente da CCR) e Weber Sutti (Diretor de Projetos da Fundação Lemann). Um time de especialistas que buscou resultados para a coordenação de regras entre os sistemas, visando eficiência para promover uma mobilidade igualitária e conectada entre as regiões.
Sobre as ações que podem facilitar a vida do passageiro, Ana Guerrini revelou que, mesmo sem política pública específica, no caso de São Paulo e Rio de Janeiro, os picos de deslocamento apontam que as pessoas usam a 99 mais pela manhã e no fim do dia, como modo de “primeira e última perna” combinando com o metrô ou o trem.
“Inovação não é só tecnologia ou grandes obras (…) Em paralelo aos sistemas de transporte, a gente precisa pensar também em incentivos para as pessoas mudarem as suas formas de deslocamento.” – Ana Guerrini
Contrastes e inovação
Os dados são precisos: para cumprir todos os deslocamentos diários, os brasileiros podem gastar cerca de 2h07 por dia. Ou seja, quase 32 dias por ano “perdidos” apenas no trânsito! Quando isolamos as diferenças, o cenário se torna mais preocupante. As classes D e E chegam a gastar 130 minutos em viagens para cumprir as principais tarefas(ida e volta). Enquanto a classe A, quase 94 minutos.
Ao debater a conexão das diferenças socioeconômicas e a mobilidade, os convidados Clarisse Linke (Diretora do ITDP), João R. Cunha (Gerente de Pesquisas do Instituto de Pesquisas Locomotivas) e Alvimar da Silva (Fundador da JaUbra), apresentaram também visões de oportunidades para negócios e serviços.
Eles ressaltaram que, ao passo que a sociedade foi incorporando o ambiente virtual como hábito, a tecnologia se tornou uma das principais aliadas nessas escolhas. Por isso, é fundamental pensar em inclusão digital e o olhar do empreendedorismo para as classes que se encontram na periferia.
“Precisamos pensar como a tecnologia vai resolver não só o problema que temos hoje, mas como pode nos ajudar a redesenhar a cidade e essa distribuição de deslocamento.” – Clarisse Linke
Trazendo para a nossa realidade
Trazendo um dado às nossas primeiras perguntas, a pesquisa apresentada no evento revelou que cerca de 76% dos brasileiros não fazem planejamento de gastos de transporte. Por isso, é tão importante incentivar e possibilitar escolhas para as pessoas, a combinação dos diferentes modais (transporte por aplicativo + transporte público, por exemplo) tem se tornado mais viável na rotina das pessoas.
Apesar da decisão por um tipo de modal ou outro ocorrer por diferentes razões, a distância que percorremos diariamente pode influenciar permanentemente a nossa qualidade de vida. Compartilhe a sua opinião sobre o tema!
*imagens de reprodução fonte: https://estadaosummitmobilidade.com.br/*
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