A busca de emprego para pessoas trans no mercado de trabalho é uma jornada difícil. Eles enfrentam mesmos desafios encarados por outros candidatos e, também, o preconceito. Em busca de mais equidade no mundo do trabalho, o projeto ‘Transempregos’ traz um banco de talentos e vagas para pessoas transgêneros.
Maite Schneider foi sua fundadora em 2013 e é direta ao afirmar sobre números. “Não temos os números de pessoas empregadas, são milhares. Mas pode ser uma. Pode ser dez mil, para gente tanto faz. Somos um projeto social que espera não precisar existir daqui 10 anos”, afirma ela esperançosa.
Maite é uma empresária transgênero e influenciadora da Rede Mulher Empreendedora. O Blog 99 Empresas bateu um papo com ela sobre sua trajetória, inspiração e desafios. Confira mais a seguir!
Desafios para trans no mercado de trabalho
Para ela, existe um viés inconsciente gerando o preconceito na busca de emprego para trans no mercado de trabalho.
“Normalmente, pessoas trans não estão nas famílias e tem uma evasão escolar muito grande. Então, também não estão estudando com as pessoas e, consequentemente, não estão nos locais de trabalho. Isso cria uma série de vieses inconscientes e de estigmas que a gente tenta combater”, explica a fundadora do TransEmpregos.
A fala de Maite vai ao encontro da dura realidade retratada em uma pesquisa, coordenada pelo defensor público João Paulo Carvalho Dias, presidente da Comissão de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O estudo apontou que a taxa de evasão entre travestis e transexuais é de 82%.
Maite também já viveu dificuldades nesse sentido e foi vítima de violência verbal e até de agressões físicas. Na busca por estágio na época em que estudava, encontrou um mercado pouco inclusivo e que não estava disposto a lhe abrir as portas.
“Os filtros de recrutamento e seleção são extremamente fechados e limitantes por uma série de questões, não só para identidade de gênero. A principal dificuldade é encontrar essas portas fechadas justamente por esses estigmas não positivos. A não capacitação também acaba dificultando, porque faz com que a inserção seja ainda mais complicada. O mercado está cada vez mais exigente”, ela afirma.
No entanto, as más experiências vividas no passado fazem de Maite e seu projeto TransEmpregos uma oportunidade para mudar este cenário hoje. A divulgação de oportunidades para pessoas transgêneros existe em todo o país e o encaminhamento de currículos para recrutadores inclusivos também! (Fica aí a dica se estiver precisando contratar!).
‘Diversidade é um caminho’
Sobre diversidade, Maite afirma ser um caminho que está sendo construído e que deve ser trabalhado diariamente com ações positivas e boas práticas.
“Aos gestores de empresa eu deixo a mensagem que não tenham medo. Diversidade é a maior igualdade que nós temos! Ela é boa para os negócios, é boa para as pessoas e nos potencializa no que temos de melhor como seres humanos”, diz ela.
Para quem ainda não está dentro do mercado, ela aconselha continuar buscando e indica outra de suas plataformas, a ‘Transformaeventos’. Nela, pessoas trans podem conseguir vagas freelancers para trabalhar em eventos.
“Eu sei que quando não temos um trabalho e não conseguimos pagar as contas as coisas são difíceis. Sei que muita coisa precisa melhorar, mas se o caminho corporativo não abre portas, acredite no empreendedorismo ou se mantenha no freelancer enquanto o seu emprego não chega”, comenta ela, que acredita que muita coisa está mudando e afirma que recentemente empregou mais de 20 transexuais por meio de seu projeto.
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