Foto de Pâmela Vaiano

Mulheres inspiradoras: a visão de uma líder no mercado de trabalho

Elas estão cada vez mais à frente de grandes companhias e cargos de liderança, conquistando espaço e o poder de decisão sobre suas vidas e destinos. Mas, ainda assim, por que é tão importante levantar discussões sobre a ascensão das mulheres no mercado de trabalho?

Bom, consideramos que é um pouco difícil responder em apenas um texto. Mas, nessa Era digital, queremos falar com mulheres inspiradoras que vão além dos números das redes sociais. São as profissionais que estão no nosso dia a dia, no escritório, à frente de empresas ou equipes, que seja uma conhecida ou você mesma.  

Conversamos com Pâmela Vaiano, Diretora de Relações Públicas da 99, sobre os seus aprendizados e a sua posição em ambientes com pouca diversidade de gênero.

Ao longo de 17 anos trabalhando com Comunicação Corporativa em grandes corporações como Novartis, GSK, Walmart e Johnson & Johnson, ela compartilha aqui algumas considerações de liderança, planejamento familiar e autoconhecimento como resultado da própria carreira de trabalho. Veja mais:

Conexão com pessoas e histórias

A primeira resposta dela quando perguntamos por que trabalhar com comunicação é a respeito da memorável matéria do Pedro Bial em cima do muro de Berlim. Depois de assistir, ela conta que sentiu que queria estar ali ou em qualquer grande acontecimento que poderia mudar a vida das pessoas.

Mas, formada em Jornalismo e trabalhando quase sempre com empresas de saúde e tecnologia, Pâmela constata que não se sentiu menos jornalista por estar no mundo corporativo.

“A semente em mim é que estou prestando um serviço para a população.  Estou dentro da empresa, mas com este pensamento, eu vou sempre orientá-la com as melhores ações para que isso seja levado à sociedade da melhor maneira possível.”

Vinda de uma geração que presenciou a revolução dos meios de informação e a chegada das redes sociais, ela diz que um dos maiores aprendizados em sua carreira foi se tornar flexível para todas as mudanças.

Resultado disso foi  mergulhar no autoconhecimento a partir da experiência de empreender com a própria agência de comunicação. De acordo com ela, a fase foi importante para criar questões como “o que eu posso oferecer para as corporações e porque elas estão dispostas a pagar pelo meu serviço?”, que logo se transformaram em um direcionamento para construir a imagem profissional adaptável e respeitada.

Mulheres precisam estar preparadas para uma carreira que não dependa do que os outros traçam para elas.”

Diversidade não é só importante, é o certo a ser feito

Discutir e implementar os conceitos de diversidade de gênero dentro da própria empresa não é ser radical. Vamos considerar dois fatos: (1) mais da metade da população mundial é de mulheres; (2) elas estão em posição de desvantagens no ambiente de trabalho.

Como você pode ler neste post sobre a representatividade feminina na tecnologia, em áreas consideradas emergentes, a cada 10 profissionais, apenas três são mulheres. Com a vivência de diferentes mercados, Pâmela confirma a necessidade de repensar o posicionamento feminino em toda a estrutura de uma organização:

“Existe um sistema que expurga as mulheres de todo o seu potencial. A gente pode dizer, com toda a tranquilidade, que a força de trabalho feminina é a força de trabalho mais subutilizada do mundo.”

Para ela é justo que as empresas coloquem metas de mulheres na liderança? Sim, mas isso pode parecer superficial até certo ponto.

O que acontece é que “não adianta colocar três mulheres se todo o sistema continua com barreiras para que outras cheguem ali.” Ainda hoje, há aquelas com receio dessas políticas afirmativas, por parecer que foram beneficiadas ou não tiveram o mérito para chegar ao posto.

Além das dificuldades de entrada, para Pâmela aquele viés que acredita que quanto mais uma mulher cresce, mais ela é vista como autoritária, é totalmente machista. Um cargo de liderança requer mais responsabilidade, tanto pela equipe como pelas decisões dos negócios, mas:

“Uma mulher não chega ao cargo de liderança se ela não tiver skills, capacidade de planejar, trazer o seu ponto de vista, influenciar e se posicionar’’.

Apesar de já termos evoluído na cultura organizacional e nas boas práticas, um novo caminho é fomentar o empoderamento feminino na sua própria cadeia de suprimentos. Em outro post, mostramos que pesquisas em contextos mundiais comprovam: nos últimos dez anos, a participação feminina no mercado de trabalho contribuiu para reduzir em 30% do índice da extrema pobreza!

Planejamento familiar e de carreira andam  juntos

Um dos pontos para a independência feminina é a decisão pelo seu corpo, certo? Mas ainda estamos bem atrasados nas discussões sobre planejamento familiar.

Pâmela destacou que as mulheres encontram-se cada vez mais em conflitos sobre a ascensão da carreira e a sua maturidade fértil. Chega um momento em que elas precisam escolher entre adiar a maternidade ou se contentar com um cargo.

“Nenhuma mulher precisa imaginar que só pode ter uma coisa ou outra. Muito da gestão desse bebê é da sociedade, depende tanto do marido (se tiver), quanto da empresa, da sociedade.”

A nossa ciência é tão avançada em cima da fertilidade feminina que é injusto não falar sobre planejamento familiar e carreira desde cedo, principalmente quando se está mais fértil. Ela aponta como opção conversas transparentes entre os parceiros, um ambiente corporativo aberto para discussões sobre planejamento familiar e, aquelas com possibilidade, o congelamento de óvulos, que aumenta o período de decisão sobre quando – e se – ter um bebê. Ou mesmo, a possibilidade de transplantar ou doar para outras mulheres.

Mas, independentemente do plano e dos objetivos, Pâmela reforça que a “autonomia deve vir em primeiro lugar. Não se permitir convencer por fatores externos ou ser refém da idade ou mesmo aceitar qualquer tipo de relacionamento , às vezes tóxico, para realizar esse sonho”.

Compartilhe!

Quantas vezes procuramos referências femininas no meio profissional e a impressão é que elas estão mais distantes do que pensamos? Vamos contar essas histórias. Compartilhe aqui mulheres que influenciam profissionalmente para aumentar a nossa rede de inspirações.

Veja Também

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *